segunda-feira, outubro 25, 2004
quarta-feira, outubro 06, 2004
Memórias...
Ainda me lembro daquelas manhãs em que entravas sorrateiramente pela janela das minhas águas furtadas tal qual primeiro raio de sol e me acariciavas a face com os teus lábios macios e a tua pele perfumada que me despertavam com a doçura de um sonho que vivia ao acordar. Não era preciso palavras. Começava o meu dia com um sorriso e para mim, o gato miava uma melodia perfeita. Seguia os teus passos de mansinho, com a leveza de um anjo e deixava-me levar nas tuas asas até ao fim do arco-íris. Eras tudo para mim mas... todo esse paraíso ruiu. Fomos levados pela ilusão deste céu azul, daquela bruma suave do mar, desta brisa esquartejante que se sente por entre os ramos das árvores, e tudo acabou com a mesma inocência e a mesma magia com que começou. Agora, o pôr do sol já não se despede de mim com aquela última lágrima de calor do dia. Já não me transmite a certeza de que há amanhã. As constelações já não me dizem nada, já nem me iluminam. Agora sou apenas uma estrela cadente prestes a desaparecer na escuridão do céu nesta infinita madrugada. A luz da lua não passa apenas do reflexo da recordação do nosso amor. O meu coração entrou numa era glacial sem fim. O gato desapareceu. O sol não voltou a entrar pela minha janela. Eu morri. E de tudo o que havia, o que restou, foi o fantasma de um sentimento que afinal era só meu e a alma perdida de um ser, por quem eu praguejava, por quem eu chorava, por quem eu gritava. Esse ser não era eu, não era o gato, eras TU...
*bluexinha*
5/10/2004
*bluexinha*
5/10/2004